Seria cômico se não fosse trágico. EU, EUrico e EUstáquio, ali sentados entre nossos velhos amigos, comemorando mais uma década de alegria conjunta. Estávamos felizes, mesmo depois de tantas glórias e quedas em combates numa guerra que parecia não ter fim. Como que em devaneios febris, voltávamos a viver (mesmo que em pensamento)... Nossos primeiros encontros, chegávamos a ouvir a música do baile de primavera, a sentir o perfume de nossas garotas, mesmo antes de degustarmos o sabor inconfundível das noites e madrugadas banhadas de wisky e ilimitadas caixas de charutos.
Agora deixávamos mais uma vez nossos entes queridos para trás, na espera por nosso retorno, como aconteceu alguns anos atrás, quando íamos para mais uma missão mares afora. Mas desta vez seria diferente, um de nós não retornaria para casa.
Qual dos três EU's ficaria para trás?
Qual dos três (mesmo tão amigos) ficaria com o amor daquela moça que tantas vezes os tentou convencer a ficar em sua companhia?
Seria justo abrir mão da bela Dama sempre envolta de elegantes vestes negras, por um daqueles EU's tão amigos?
Depois de enfrentarmos tanta coisa juntos, era a hora e vez de apenas um de nós ficarmos com o prêmio de consolação.
Na verdade, aquele que não haveria de retornar para casa seria EU. Para mim restaria o brinde por participação. Depois de tantos confrontos, tantas lutas, tantas batalhas ao lado de mEUs dois amigos, fui o derrotado. Vencido por EUrico e EUstáquio, com a ajuda daquela Dama. Os dois EU's foram os escolhidos por ela para encontrar com o Senhor do Tempo, que a tempos procurava por aqueles dois jovens oitentões.
E EU com o que fiquei? Perguntas agora.
Meu consolo foi permanecer vivo, enterrando agora meus dois queridos amigos, que com a bela Dama de Negro, a MORTE, foram se explicar. Me peguei mais uma vez sobre um túmulo aberto, conversando com as almas da lembrança que o Senhor do tempo me permitiu ficar. A mais recente destas a última pá de terra acaba de enterrar.