30 de maio de 2010

Silenciar


Vozes ouvidas no silêncio de noites vazias. de pensamentos vagos, de infinitas ausências... De pensamentos, de pessoas, de momentos.

A saudade resolveu encontrar abrigo no meu coração, aproveitou a falta de fechaduras, de trancas e cadeados. O alarme de segurança não disparou, permaneceu mudo, quieto.

As luzes não se acenderam, consumiu-se as chamas da vela que tentava trazer um pouco de vida aquele lugar, sujo, escuro, úmido, com cheiro de mofo.

Podia-se ouvir ao longe os gemidos da dor que consome pouco a pouco, o motivo, a razão, e a essência do meu existir, do meu viver, do meu estar, do meu querer.

A espera é longa, atravessa estações, rompe fronteiras, de maneira a dizer que já não há mais no que se crer.

Agora sou um objeto, um elemento, um ponto que se perde, se perdeu, perde-se a todo, em e a cada instante.


Não há cores, há sombras.
É um cubículo, um cubo, uma jaula.
É uma corda: prende-me, açoita-me, enforca-me, sufoca-me.



A maré sobe, ondas debatem-se sobre mim. Engulo água, é amarga, pesada, não aguento. Não consigo nadar, como não consegui nada na vida. Estou afundando, chegando no fundo do mar, sem apoio, sem socorro, sem ninguém.

Meu corpo... Já não sinto.
Minha vida perece, meu olhar vê apenas uma nuvem sombria, embaçada noite de espíritos que me cercam e me vestem para minha partida.

Meu tempo está se esvaindo, se esvai, se vai, se foi...






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