31 de dezembro de 2011

Um Conto Para Ella

Ella acordou, em meio ao clarão do sol sobre seus olhos, reparou na parede o calendário e viu que já chegara 31 de Dezembro, último dia do ano. Já se passara 6 meses desde que A CARTA foi endereçada, mesmo que tenha pensado que a mesma se extraviara pelo caminho, Ella sabia que O REMETENTE havia lido seu conteúdo... INFELIZMENTE.

Em vez de aquelas palavras fazer-se luz no caminho entre Ella e O REMETENTE, tais caracteres acabaram por confundir ainda mais toda história. Depois de uma longa conversa a distancia, até quase que o amanhecer de um Dia dos Namorados, onde o final da crônica enviada por Ella ao REMETENTE fora discutida, o que parecia ser a oportunidade de ambos se mostrarem aptos ou não ao que um dos dois sentia, transformou-se em frieza, silêncio, em ausência, tornou tudo inexplicavelmente coberto por uma grossa camada de neblina.

Levantou-se, foi ao banheiro, ao passar pelo espelho viu que havia restos de maquiagem em seu rosto e dentro dela o coração começava novamente a doer. Por mais que quisesse e tentasse ESQUECÊ-LO, não conseguiu, estava ele ainda a povoar seus sonhos, seus pensamentos e mesmo seus ouvidos que ainda ouvia lampejos de sua voz, ao menos nas lembranças das canções que escutara ele tocar e cantar.

Não foram meses fáceis, ainda mais sabendo que um NÃO poderia ser o melhor. Mesmo que por um tempo viesse lhe causar dor, Ella afirmava que antes uma negativa, um ‘prefiro a amizade’, já lhe seria suficiente para acalmar a dor que o silencio e a ausência lhe causava.

Ella sabe o que quer: O REMETENTE. Sabe que não é ela quem está dando as ordens, mas sim o seu coração, e quando este toma responsabilidade de algo, não é somente ele, é DEUS

Ele (Deus) colocará Ella e O REMETENTE frente a frente, Ele sabe o que faz.


2012 será diferente, para MIM, para VOCÊ, para ELLA, para os OUTROS que são a soma de todos VOCÊS com ELA MESMA.

24 de outubro de 2011

FALSOS Amigos CORVOS



Acreditei que AMIGOS DE VERDADE fossem aqueles que dariam o próprio peito pra ajudar outro amigo, porém, conclui que nesse mundo, acabamos por não conhecer a verdadeira face de quem nos cerca. Infelizmente, há alguns gatos sorrateiros que precisam ver a queda de alguns para tentarei obter vantagens e se sentirem grandes. FICA A DICA: Se VOCÊ pensando que cresceria e atingiria novos vôos mais rapidamente, cortando as asas dos pássaros que sempre te orientaram sobre quais eram os momentos certos de bater tuas asas e sobrevoar as florestas acredita que esta foi a sua melhor escolha, PREPARE-SE! Afinal, por querer voar mais alto, muitos CORVOS FALSOS disfarçados de pardais simpáticos perderam a cabeça nas turbinas de aviões.

12 de setembro de 2011

Ella e o Tempo


Um lençol branco preso a parede de um quarto escuro. No canto, alguns papéis rabiscados, várias folhas amassadas, e um corpo jogado sobre a cama. Era Ella.


Há dias tentava escrever sobre o que sentia, mas não conseguia. Escrever tornara-se uma tarefa bem mais difícil depois que colocara gotas de seu sangue no último texto. Desconfiava que houvesse ido longe demais ao que desejara obter através daquelas palavras.

Poderia não ter feito aquilo, muitos a aconselharam não entregar-se daquele modo, dando ao outro a oportunidade de ver através da janela de seu coração. E o que foi visto, parece ter assustado.

Ella ainda não entendeu, talvez, nunca chegue de fato a entender...

Na casa ao lado, um barulho estranho... Pareciam estar jogando a louça contra a parede, e pelo visto, ainda havia vários pratos para se quebrar.



Voltou para o quarto. Tão logo que colocou a cabeça sobre o travesseiro, começou a vê-lo projetado em mais um de seus devaneios noturnos... Lágrimas quiseram rolar sobre sua face, percebeu que não tinha como engoli-las, não desta vez. Então para o banheiro foi, abriu o chuveiro, deixou que as lágrimas corressem por seu rosto como a água pelo corpo.


Havia tentado de tudo. Tentando fugir daquilo que parecia pesar em seu peito, começara a enxergar outras possibilidades, pena estas serem por demasia arriscadas e impróprias ao que Ella havia pregado a si mesma por toda a vida. Achou melhor não arriscar, assim não perderia o controle sobre ela mesma.



Ella tinha algo a dizer... Disse. Ella tinha algo... Algo que perdeu ao dizer.

Para Ella, restava um caminho: Colocaria seu coração aos cuidados do Tempo, que talvez, com sua vasta experiência, seu conhecimento prático e teórico, saberia como responder as indagações que insistiam permanecer nos pensamentos dela.

Longe dali, ele pode não saber, mas há alguém que insiste em não desistir e que irá esperá-lo... Ella.

11 de junho de 2011

Da Carta ao Funeral

A CARTA

“Essa carta poderá nunca chegar ao seu destino final, ou pelo menos ao destino que escolhi para ela. Talvez suas palavras acabem por não serem ouvidas, seus sentimentos nunca correspondidos, sua face nunca percebida. Não importa, seja qual for o desenrolar dessa história, o que ali havia precisava ser lido.

Numa garrafa levada pelas águas do mar, através de palavras, um pouco de mim seria entregue a alguém que ao longe se encontrava, independente do que isso poderia para ele representar.

Talvez eu não o conheça em sua totalidade, mas o que em parte conheço já fez com que meu coração tomasse em si a decisão de querê-lo por perto.”

A REMETENTE

Ella esquecera novamente de trancar bem as portas e janelas de seu coração, assim, alguém entrou sem pedir licença e dentro dele resolveu se abrigar. Sempre que Ella parecia estar bem, saía pela estrada sem a proteção de sua armadura... Para sua falta de sorte, era justamente nesses momentos que o menino loirinho de arco e flecha resolvia atacá-la.

Envolvida pela emoção, Ella perdera novamente o domínio de sua razão e sua sorte estaria novamente lançada ao vento. Como é de certo, jogaria pérolas aos porcos, como era de seu costume.

A CONFISSÃO

“Nunca minhas mãos puderam tocar àquela face, mesmo assim era aquele rosto que eu via sempre que colocava minha cabeça sobre o travesseiro. Meus ouvidos desejavam ouvir aquela voz, e quando assim não se podia fazer, eis que na lembrança era possível escutar o som das canções que ele já havia cantado.

O suor na palma das mãos, aquele frio na barriga, as borboletas que faziam acrobacias dentro do estomago sempre que aquelas cinco letras eram citadas (mesmo quando para se referir a outro de mesmo nome) eram todos indícios de uma paixão.”

EXTRAVIO DO DESTINATÁRIO

Uma linha de silenciosas reticências foi a resposta que obtive.

Ele entendera o que eu sentia? Ele teria Alguém? Haveria um depois após aquele pontilhado?
Dúvida, Medo e Solidão... Mais dia menos dia, eu sabia que eles voltariam a tomar aquela forma asquerosa e sombria aqui junto de mim. Por onde quer que eu fosse eles iriam ao meu lado, fosse dia ou noite, Eles não me deixariam em paz.

Com o tempo, eu já não mais conseguia ir além dos quatro cantos de meu quarto, e este passava todas as horas do dia em profunda escuridão, a não ser pela vela acesa que me fazia enxergar algo a mais que Àqueles vultos.

Sentia frio, mas, não era um frio qualquer. Não era minha pele que sentia tal sensação, era minha alma que cada vez mais parecia congelar. Um vazio, uma dor, uma lágrima, sinais de meu castigo perpétuo.

Logo, todos que me procuravam deixaram de assim fazer. E tão somente Eles permaneceram cá comigo, em meio ao luto que se eternizava por além das estações. Caíram às folhas, brotaram as flores, secaram os rios e a chuva voltara a enchê-los... Quanto a mim, sucumbir é o que restava.

O silêncio era quebrado sempre que os gemidos Deles começam a soar mais alto, mais forte, e de tão perto pareciam estar dentro de mim. Meu corpo franzino aparentava perder toda a aparência de algo vivo e meus lábios não mais soltaram nem um grunhido, tão menos voz. Cumpria em vida minha sentença de morte.

Foi-me tomado a alegria, a vitalidade, o calor, e qualquer forma de sentimento que se aproximava do que seria Amor. Agora eu era só um morto em vestes de um vivo, e um vivo que se via entregue as mãos da Senhora da Noite.
O FUNERAL

Naquela manhã de sexta-feira, eles desapareceram. Não sei como nem para onde, nem frio eu agora sentia. O que teria havido então? Aproximei-me daquela janela e logo pude ver um cortejo que se aproximava ao longe, reconheci a face de alguns que ali vinham carregando grandes coroas de flores. Então veio o susto: Eu estava lá.

Em meio a todos eu era a única face que não apresentava descontentamento para com o trágico final do agora defunto. Eu o conhecia, por dias eu estive ao seu lado, alimentando Ele, fazendo com que Ele crescesse. Eu havia despertado sorrisos, inúmero carinho lhe dediquei.

As primeiras pás de terra foram lançadas sobre seu caixão, os rostos que o cercava estavam indiferente a tudo aquilo. Eu era a única que de fato poderia estar aos prantos por aquela perda, mas não era isso o que eu sentia. Apesar de não ser o maior de todos os risos, havia uma sensação diferente que fazia meus lábios se moverem para um lado da face.

Toda aquela dor, a exclusão de mim mesma, era na verdade um estágio que eu cumpria para largar aquele casulo e soltar minhas asas sobre o verde dos vales mais distantes.

Sepultei a esperança de tê-lo alguma vez em meus braços, e com Ele, enterrei todo o sentimento que poderia me levar a caminhar novamente sobre areia movediça.

1 de maio de 2011

Pôr do sol


Parecia sozinha quando coloquei meus olhos sobre ela.


Pensativa, dava a entender que sua mente viajava por entre campos longínquos. Sua expressão era de alguém que estava compenetrada em outra dimensão, tão logo notei uma lágrima a escorrer por sua face.

Aproximei-me, devagar, tomando cuidado para não assustá-la. Quando delicadamente virou e me viu, pude perceber a doçura naquele olhar molhado, de uma sensibilidade sem limite. Ela estava triste, parecia cansada, sem ânimo para qualquer que fosse a ação.

Tentei tocá-la, não me deixou. Era como se a tivessem mantido presa num local escuro por anos, longos anos.

Na verdade, fora ela quem se fechou para o mundo, temia a dor, o sofrimento, a idéia de ser deixada novamente a fez tomar tal decisão. Quando criança conheceu o abandono, a ausência do amor, do carinho de uma família, seu mundo girava sobre a incerteza.

Agora, o que a fazia portar-se assim era o contrário. Ela permitiu que conhecessem o que havia dentro de si, seus sentimentos, a maneira como cada pessoa era vista e agraciada por seu coração. Os devaneios, as eloqüências, os sentimentos, tudo precisava ser dito. Sabia que isso a fazia bem.

Suas lágrimas, várias lágrimas, um poço criara a seus pés. Seu silencio era perturbador. Olhei-a por um longo tempo, pensei sobre o que dizê-la, qual palavra usar num momento como aquele.


Foi quando uma brisa suave bateu sobre nós, num impulso peguei-a entre meus braços, e a levei para dar alguns passos pelos arredores de onde estávamos. Mostrei-lhe como era o mundo do qual se fechara, que nem todos eram como imaginava, e que havia muito mais a se ganhar do que perder.

Contei-lhe que ainda que viesse a se decepcionar com as pessoas, é necessário se deixar envolver por elas. Dar-lhes a chance de tentar acertar, correr riscos, tudo isso é preciso para encontrar a felicidade, encontrar pessoas que estejam dispostas a também ser felizes estando ao seu lado.

Caminhamos mais um pouco, e um pouco mais lhe falei. Depois de muito resistir, ela agora já sorria, e que belo sorriso era aquele, talvez o mais simples e belo que eu já tenha visto. Foi então que percebi algo diferente no semblante daquela jovem, ela precisava apenas de alguém que quebrasse o silêncio que a cercava.


Despedimo-nos num demorado abraço. Parecíamos não querer aquele adeus, mas precisávamos, a vida deve continuar.

Segui estrada a fora. Ela seguiu também a dela, mas, um pouco de mim se foi com aquela menina, porém, o que levara consigo, fora apenas um pouco do que tenho de muito a dar.

À luz daquele pôr-do-sol, conclui que, o amor que se tem no coração, quando dado, apenas acrescenta. Estar disposto a dar-se pelo outro, sem exagero, é ver-se completado por ação do amor gratuito de Deus.

19 de março de 2011

ELLA


Ella precisava sair daquele lugar. Não tinha lar nem família. Habitava um espaço com mais três pessoas, reconhecia apenas uma delas. A ciência afirmava que havia algo que os ligava, uma combinação genética.

Nascera antes de dois deles. Disseram-na que talvez deles tornar-se-ia guia, porém não havia uma estrada que os levasse ao mesmo destino.


Caim era um deles. Seu maior desejo era tomar para si o que era do outro. Era cruel, maquiavélico, e, desumano. Não havia nele qualquer sentimento bom para com a primogênita.

E Ella, ainda convivia com a infeliz realidade que lhe foi conferida: sendo a primeira dos três a advir como fruto de um compromisso desfeito, carregava sobre os ombros a frustração dos outros dois, que por menor tempo vivera com o genitor.

A única chance para Ella se livrar daquela guerra fraternal, seria correr mundo a fora, encontrar alguma forma de sobreviver sozinha... Na verdade, sozinha sempre esteve, era sobreviver por conta própria.

E lá foi Ella.

Não se sabe para onde ao certo. Já não podia olhar para trás e pensar num passado, que nunca fora presente, e que, por ele, Ella não teria futuro.

18 de fevereiro de 2011

Don't Cry


Meu mundo parecera desabar naquele instante. Ali perdi o meu chão, vê-lo com ela, na minha frente. Senti como se alguém arrancasse fora meu coração, e o apertasse a fim de a dor ser ainda maior. Como suportar tamanha decepção?

Pedro nos braços de Léa, logo com ela que se dizia minha melhor amiga. Senti uma lágrima descer por minha face, e aquela com certeza não seria a primeira. Entreguei-me a Pedro, entreguei o que tinha e o que não tinha por ele.

Ao fundo ouvia um piano tocar uma canção triste... Seria aquela a marcha fúnebre do amor que eu sentira um dia? Uma parte de mim morrera naquele abraço. É como se os dois, eles dois, estivessem a sufocar-me.

Agora, eu era apenas um corpo, gélido, paralisado por ver aquela cena. Pensei que aquilo fosse um delirar de Shakespeare, em que, apenas a Julieta haveria de morrer, sacrificar-se por um amor não correspondido.

Havia perdido e a dor se tornava maior, até que percebi que sofria pela perda de algo que nunca fora meu. Sabia que agora era a hora de fazer algo, e com as minhas próprias mãos decidi dar um fim aquilo.

Comecei engolindo aquela última lágrima que ousava rolar em meu rosto. Com ela, provei o sabor da dor... Era amargo, travava ao descer pela garganta... Chegava a lembrar o gosto de sangue.

Logo, lembrei que sangue também é vida. Então conclui que a parte que me foi retirada, era o que em mim havia de menor valor... Pedro, Léa, e, aquele sentimento que me parecera amor, nada de fato significava em minha vida.

Afinal, ninguém perde algo que nunca lhe pertenceu.