19 de março de 2011

ELLA


Ella precisava sair daquele lugar. Não tinha lar nem família. Habitava um espaço com mais três pessoas, reconhecia apenas uma delas. A ciência afirmava que havia algo que os ligava, uma combinação genética.

Nascera antes de dois deles. Disseram-na que talvez deles tornar-se-ia guia, porém não havia uma estrada que os levasse ao mesmo destino.


Caim era um deles. Seu maior desejo era tomar para si o que era do outro. Era cruel, maquiavélico, e, desumano. Não havia nele qualquer sentimento bom para com a primogênita.

E Ella, ainda convivia com a infeliz realidade que lhe foi conferida: sendo a primeira dos três a advir como fruto de um compromisso desfeito, carregava sobre os ombros a frustração dos outros dois, que por menor tempo vivera com o genitor.

A única chance para Ella se livrar daquela guerra fraternal, seria correr mundo a fora, encontrar alguma forma de sobreviver sozinha... Na verdade, sozinha sempre esteve, era sobreviver por conta própria.

E lá foi Ella.

Não se sabe para onde ao certo. Já não podia olhar para trás e pensar num passado, que nunca fora presente, e que, por ele, Ella não teria futuro.

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